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sexta-feira, 25 de junho de 2021

Amor

 

É negócio estranho apertando o lado esquerdo do peito. É como se uma placa lisa, fria, de ferro, comprimida contra o corpo, o empurrasse para trás, o curvando até que não suporte mais e despenque feito árvore centenária de encontro ao chão.

Um buraco foi aberto no estômago não importando se a gente acabou de jantar. E a gente acorda de madrugada como se tivesse acabado de deitar. Com uma sede jamais saciada, não importando quantos copos d' água tomar.

Sede de ver, sede de sentir, sede de conversar, sede de contemplar.

Gestos simples, mexer de lábios ou arquear de sobrancelhas, sorriso curto, olhar por cima dos óculos... Indução a uma necessidade incessante, egoísta, extenuante de querer estar com quem não se pode estar.

Faz parecer humilhante, sem sentido, imaturo, ao mesmo tempo que preenche um mundo que antes era repleto de nadas.

O juízo começa a contestar e chamar à razão. Não se pode pedir o colo de quem não pode ceder o coração. Chora logo tuas dores, te cobre, fecha os olhos e dorme. Encontra caminho novo nos abraços imaginados, jamais dados, nos beijos jamais provados e se fortalece na escassez.

O corpo desfalece, se embriagada, se afoga, se desespera... Ergue a cabeça, engole o choro e adormece.

O tempo não passa nem acaba a agonia. Amor que não se alimenta tampouco se cria. Falece quando dia amanhece e seus restos mortais serão jogados a revelia.

22/06/2021

Tays Melo

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